Antes das nuvens, há dois pares de asas,
como que puxando bois, trazendo a chuva.
Logo rangerão raios sobre nossas casas...
das sombras fofas, negras, roupa de viúva.
Talvez culpa do sol tímido, indeciso, oculto...
buscando moitas pra abrigar o riso amarelo,
que se acoita nos nimbos de duvidoso vulto,
enquanto um deus trovão bate o seu martelo.
Então algodões nada doces, sujos de cinzas
cobrirão o cenho do céu;dirão: vem tormenta!
E as aves do início, como arautos ranzinzas...
já estarão longe, noutro céu, onde nem venta.
Rosemarie Schossig Torres