Quisera ter um coração arrojado
portar alegre as minhas penas,
feito as avezinhas tão pequenas,
fazendo festa no arame farpado.
Poder sorrir na cara do destino
e afrontar cada desmando seu.
Segurar as rédeas do comando.
No tédio gris ver laivos azulinos.
E contra os dias escuros e frios
ter sob a manga um raio de sol.
No tempo oportuno um arrebol
para salvar de dúbios desvarios.
Aos pés dos distúrbios uma flor
plantada bem no olho do furacão.
Entre um caos e outro a canção,
que espante qualquer dissabor.
Rosemarie Schossig Torres