Pedi à musa, versos de improviso...
E ela, com enigmático sorriso
deu-me um punhado de sementes
e profetizou inclemente:
Escreverás versos suados
como o trabalho de Adão,
depois do paraíso.
Então fiz novo pedido:
Quis ao menos um ornamento.
Mas ela com misterioso acento
deu-me paleta e tintas...
E disse: se belas metáforas pintas
terás adorno suficiente.
Por último solicitei timidamente:
Um pouco de harmonia
e a musa emendou com ironia:
as palavras já tem seu próprio som,
siga o coração, escute seu tom
e farás as rimas cantarem...
Rosemarie Schossig Torres