Trago em mim porções espectrais,
lúgubres, que soem ser soturnas.
Arquétipos e esfinges ancestrais,
que assomam em horas noturnas.
Digladiam Lúcifer e o anjo Gabriel.
Eterna dualidade. Auréola? tridente?
Às vezes sou doce; outras, quase cruel.
Lilith ou Eva: sou a maçã e a serpente.
Do Barba Azul herdei o armário,
onde oculto minha pior travessura
Ali guardo o meu lado ordinário.
A chave mantenho em cova escura.
Dr.Jeckyll me ensinou a receita
e desperto outra face; clandestina.
Gata selvagem; mocinha direita.
A dupla identidade me alucina.
Ainda tenho a caixa de Pandora,
receptáculo de minhas infrações.
Às vezes um sorriso dark aflora,
revelando minhas contradições.
Rosemarie Schossig Torres
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