Um raio de sol recém- nascido estica o braço...
e entra pela janela junto com um dó sustenido.
Eu chamo: canta passarinho que em teu regaço
quero acordar devagarzinho, felizes os ouvidos...
Ouço na embaúba a onomatopeia do bem-te-vi.
E na árvore ao lado bicos cheios vejo sanhaços.
A voz ocupada entre o trinar e comer uns caquis.
Enlevada escuto seu gorjeio lançado no espaço.
Ah! Entre tantos chilreios não sei qual escolher;
que cantiga abrirá as cortinas desse novo dia...
Vem sabiá, com o tié, anunciem meu alvorecer.
E o coração, só esperança, se junta à cantoria...
Logo, a Aurora, rósea, pinta a face nova do céu.
Da tinta fresca do firmamento a manhã nasce...
A fé faz as suas preces para o hoje já sem o véu.
Longe o poente desperta; bom dia, beijo sua face.
Rosemarie Schossig Torres
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