Posso falar do ruído absurdo dos canhões;
do homem surdo gritando às borboletas...
Nomear constelações, a lua e os planetas,
sem nunca versificar as minhas solidões...
Eu consigo chorar apenas nas entrelinhas,
até enganar a pena e trapacear com o leitor,
feito o disfarce de um inseto no fundo da flor
e camuflar do mundo as soturnas ladainhas.
Mas ante o espelho a verdade acha seu cais.
Ele reflete a dor, que estala seu relho oculto
açoitando as madrugadas e sou só esse vulto
sonambulando oxidados dilemas fantasmais.
Rosemarie Schossig Torres
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