terça-feira, 16 de março de 2010

Árvore Seca





Não jogue em mim
essas folhas amarelas,
cãs, outono de teu jardim.
Nem me arrogues deslizes
de reviver as mazelas;
ser estigma: cicatrizes.


Eu não sou tuas lástimas!
Muito menos raiz de dissabor…


Quero deixar o banco dos réus.
Declino esse peso em meu costado;
carregue sozinho teus mausoléus.
Serei morte, doença, as recaídas?
Não quero meu nome imortalizado
em dedicatórias de cartas suicidas.


Não chore minhas lágrimas!
Nem sofra com minha dor...


Nunca serei uma árvore seca plantada
no meio de teu caminho.
Quando a última trincheira tenha tocado
e chegue à folha conclusiva de meu destino...
Não faças de refém a minha história. Deixe-me ir...
Na viagem que encerra qualquer enredo: partir.


Rosemarie Schossig Torres

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