sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Entre Ausências E Cicatrizes



Desse tal relógio! Pouco ou nada sei. 
O tempo ao contrário me sabe bem...
Furta-horas, salafrário como ninguém.
Em conta-gotas perco o que já passei. 

Mas a labuta das manhãs eu conheço 
E aquela modorra buliçosa das tardes!
Não conto os minutos, nem faço alarde.
Dias passam num calendário travesso.

Folhas que esvoaçam num afã diário...
lá no varal a roupa dança com o vento. 
Há poemas inéditos nesse movimento,
que por enquanto são só imaginários...

À noite reparto sonhos com fantasmas,
num videotape dos momentos felizes.
Sobrevivo entre ausências e cicatrizes.
Empresto fôlego á alegria com asma...

Rosemarie Schossig Torres

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