Olho pasma a desconstrução do horizonte.
Até o meu galo, com asma, já não canta...
Ao longe: uma árvore cai; um poste levanta.
Verde se esvai; não reconheço meu monte.
A cerca amplia o endereço, profana jardins;
engatinha movida pela grana das grilagens.
Ágil sobe e desce; ávida come a paisagem.
Cresce na terra o cimento e some o capim.
Por fim, um apito; aumenta meu espanto.
Fito pegadas cinza sujando o teto azul...
Para onde olho, perto; longe; norte e sul:
desertos de concreto; fica o desencanto.
Rosemarie Schossig Torres
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