Não é só o
pescoço que dói ao olhar prá trás...
E como
lastimam as saudades dos anos moços!
Tudo culpa
da memória, esse fantasma contumaz.
Plasma idas trajetórias;
deixa a alma em alvoroço.
Vou caindo no
poço do pretérito sempre imperfeito.
Ressuscitam
as feridas, antes de serem cicatrizes.
Desfilam
maus e bons slides ; videotape mal feito.
Então
ardemos olhos agora tristes, depois felizes.
Um decrépito
moinho, que de repente desenferruja.
Vale outra vez
aquilo que durante anos não se sente.
Sensações
projetadas na tela do retrovisor, garatujas
mal traçadas
no rosto de um assombrado presente.
Rei posto;
tempo passado, faz uma sombra enorme,
que às vezes
desata a rir, mas outras leva às lágrimas.
Escombros de
histórias inexatas em flashes disformes.
As cinzas
revivem, então revejo as glórias e as lástimas.
Chip
nostálgico, é um copião do texto pela vida redigido.
Encaro essa
flor antropofágica comendo o que me restou,
corroendo o
meu futuro; está cada vez menor... Encolhido.
Dói a nuca,
mas isso é fatal, pois a melhor parte já passou.
Rosemarie
Schossig Torres
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