Piso os umbrais de mais um dia
que se encerra; missão cumprida.
Ao pôr do sol, o astro na descida
do horizonte, boceja, em letargia.
Cores mudam; quadro cambiante.
E até a alma, no poente, entardece.
Preâmbulo do crepúsculo aparece.
Noite prepara a entrada, triunfante.
Na mente, qual retrovisor, dançam
as veredas que rodei; posso rever
as penas, que resolvi, sem sofrer.
As outras, suspensas, descansam.
Empoleirada nos raios já sem cor,
a paisagem escurece; nova veste
vai trajando, do leste até o oeste.
O toque de recolher soa em langor.
E de repente o céu é o novo campo.
O breu requer toda minha atenção.
Flores somem; seres da escuridão
vêm, com estrelas e os pirilampos.
Madrugada fará sua estréia, eu sei.
E o cenário outra vez se modificará.
Em direção ao amanhecer tudo irá.
Natureza, impassível segue sua lei.
Rosemarie Schossig Torres
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