Noite de ano novo sem graça:
urubu na sopa de lentilhas pousou;
champanhe que chocou na taça...
Ainda por cima meu peru azedou.
E o coração caiu em desgraça...
Em enxurradas de tristeza se lavou.
O inferno por osmose senta praça
na alma de quem desmoronou.
Por um alçapão no Hades entrei.
Jardim de fantasmas vislumbrei...
O mundo reverso; pernas pro ar.
E entre fétidos miasmas andei...
Salvaram-me aqueles a quem amei
e a poesia que sempre foi meu par.
Rosemarie Schossig Torres
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