Nas entrelinhas das horas banais,
crepitam os momentos perdidos.
Gritam à espera de serem ouvidos.
Mas só tocam trilhas incidentais.
É música anã e quase inaudível;
sons que se movem em segredo.
Às vezes pareço tirar do degredo
a partitura em surdina; invisível.
Tento mudar esse anônimo canto.
E o corriqueiro; quero a harmonia;
poetizar a poeira, versificar agonias
e virar o disco que eu já ouvi tanto.
Assim escrevo esse poema bisonho.
Para que raie sol menor; desacorde.
Enfim, que consiga afinar os acordes,
e sigam de acordo com meu sonho...
Rosemarie Schossig Torres
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