Nem na curva da estrada eu verei o monte.
Cega o lilás das quaresmeiras, turva visão.
Um muro de lobeiras e pó negam horizonte.
Estorvando os olhos, dão um nó na amplidão.
Entre os abrolhos apenas adivinho o que virá.
Árvores pequenas e tortas na subida do morro.
Água morta ao fim de seis meses ressuscitará.
Só com as chuvas, sem nenhum outro socorro.
E na vertente entre moitas de capim arroz afinal,
subindo lentamente verei o que há do outro lado.
Cenário em duplicata do meu, de cor quase igual;
mesmos arbustos torcidos e com certo enfado...
...descubro a paisagem sem susto ou surpresas.
A natureza avara e tosca, sem qualquer sombra.
Folhagem fosca que o sol embacia com crueza...
Só a caliandra ,flor sem primavera, me assombra.
Rosemarie Schossig Torres