quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O Poço Da Catarse




Faltavam apenas cinco passos
e te abririas pra mim, Parnaso!
Mas eu me assustei; senti frio.
Soltei régua, compasso; arrepio.

Então quis a poesia pé no chão;
cantoria de cego em velho violão.
Escrever à musa rota da esquina.
Noctâmbula em busca de propina.

E corri do verso exato, parnasiano.
Feito contador que foge do engano.
Como o diabo, que corre da cruz...
Eu quis, feito morcego, fugir da luz.

Abracei as trevas do verso tateado;
inexato; trôpego; apenas balbuciado.
Nessa corda bamba estou equilibrista,
pra que do poço da catarse saia artista.

Rosemarie Schossig Torres

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