domingo, 29 de janeiro de 2017

Borrão Perdido



Diante do verde-azul da paisagem, uma teia.
Será intransponível? O olhar-inseto nada vê,
sufocado no fio invisível que Ariadne semeia
no puro ar... Põe a transeunte à sua mercê...

E num rejunte de pontos constrói o seu muro.
Rendeira de oito patas, sua casa é um alçapão,
tecido em ouro e prata, tatuagem no escuro...
de um fictício papel em branco, mata o borrão...

...perdido no terreno das ideias, resgata-palavras,
presas em um outro labirinto, entranhado em mim,
empoçada num círculo vicioso triste, de pouca lavra,
de difícil localização, que por enquanto teve um fim...


Rosemarie Schossig Torres

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