sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Sou Do Inverno O Jardim





Eu joguei as minhas pétalas ao vento.
Que essa brisa não te assuste, amor...
São só anéis para não perder os dedos.
E contra as marés, nua, vou ao relento.
Lá enfrentei, com muito tento, toda dor.
Entre brumas, vi em cinzas os medos.

Uma por uma, queimei minhas naves.
Não cabe olhar prá trás; voltar passos.
Algo de mim jaz, intacto, pelo caminho.
Abandonei a carga; aos pés tato suave.
E deixo ao rés do chão alguns pedaços,
com meu aroma: loção de rosmaninho.

Partes à terra vão... Bocadinhos de mim.
Outros germinam; contingências da vida.
Agora hiberno; a inconsciência do sono.
Entorpecendo; sou do inverno... O jardim.
Fênix, voltarei na primavera; renascida...
Novo ciclo: verão e aí anemia do outono.

Rosemarie Schossig Torres

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