domingo, 25 de setembro de 2011

Rimas Com O Fogo





A serra azul que era verde, agora é parda.
Recados do vento, campo afora, nefastos.
Ordenam sem tento: Que o cerrado arda!
Pira inapagável; esturricados seus pastos.

É brisa nada afável, faz rimas com o fogo.
Em lufadas arrasta chamas, deixa cinzas.
Nada a afasta de seu alvo; nenhum rogo.
Ninguém está salvo das flamas ranzinzas.

Calvo meu monte, coberto pela poeira gris.
As chuvas incertas, invisíveis no calendário.
Desbotados verdes; esperança sem matiz.
Um sinistro pintor borrou nuvens do cenário.

Sobrou a ave lamentando seu ninho perdido.
A última árvore de pé já não possui as ramas.
Queima o panorama; a destroços foi reduzido.
Em alvoroço, natureza em seu palco, reclama.

Rosemarie Schossig Torres

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