terça-feira, 15 de junho de 2010

Grito Parado No Ar



Ontem vi um grito parado no ar.
Fatídico punhado de medos...
Inerte, bem diante de meus olhos.

Trazia em seu ventre maldito,
sinistra mensagem criptografada,
arautos espantosos, de más notícias,
que apunhalaram o sossego da noite.

Apesar de minha grande ignorância,
tentei decifrar seus tristes arcanos.
Pobre de mim! Foi tudo em vão.
Não achei neles significado algum.

Com a alma atormentada
por essa triste visão,
vaguei a esmo, buscando uma saída.

Recorri aos sábios e seus oráculos.
Eles me viraram as costas
e rindo-se disseram:
Ah! esquece... Isso não é nada.

Rendida, falei à minha própria sombra:
Esses seres, que tudo adivinham,
devem ter razão.
Quem sabe… Foi só um pesadelo.

Mas, quando a insônia invade
as minhas madrugadas...
Vejo, outra vez, entre as trevas,
aquele grito parado no ar.

Nau tétrica, que me assombra,
apregoando temor e claustrofobia.
E penso: Que será isso?

Rosemarie Schossig Torres

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