sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ANJO



De asas rotas, ambiguo Serafim.

Foi cair justo no meu jardim,

ao tropeçar na cauda de um cometa.

Tem mais dilemas que fé na maleta.

E agora eclipsa nossa mente

com o seu mirar demente.


Querubim, auréola de metal,

decaído e hoje é mortal.

Possui coração falso, de resina

e uma voz de sereia, que alucina.

O sorriso é enigmático, de pintura.

Mona Lisa que saiu da moldura.


Serafim banido, exilado.

Imperfeito e desastrado.

Não é deste mundo...

Seus olhos arregalados e fundos,

vêem tudo, não entendem nada.

Nosso planeta é sua charada.


Anjinho travesso. Fugiu do céu,

pois no Édem armou um escarcéu.

Tudo porque não crê no inferno.

Duvida da perfeição e do eterno,

desconhece o que seja pecado.

Por isso se sente tão deslocado.


De asa partida, preso na terra,

ainda procura o Paraíso.

Busca na praia e na serra.

Vai aonde for preciso.

Como não pode mais voar...

Minha casa já é o seu lar.


Rosemarie Schossig Torres

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