sábado, 5 de setembro de 2015

A Mimosa E O Fogo




A pequena flor contemplava temerosa o fogo em gulosas labaredas tragando tudo o que via pela frente. Ele sentia tanto prazer nisso que parecia gargalhar. Uma risada rubra e assustadora.
Quando chegou diante da mimosa, ela lhe disse:
- Por favor senhor fogo, não me queime!
A língua de fogo ergueu-se sobre as duas patas e bufou insolente:
- Poderia te esturricar com um suspiro, sua molenga, mas seria um prazer rápido demais!
Então contornou a flor e saiu esbaforido, ainda bufando:
- quero lenha – quero lenha – quero queimar!
A florzinha frágil e fofa acariciada pelas mãos da brisa inclinou-se no que pareceu ser uma mesura de agradecimento, mas ainda preocupada com os ninhos de seus melhores amigos beija-flores.
Por muito tempo ainda se ouvia ao longe a voz ameaçadora e sádica do Língua de Fogo:
- quero lenha – quero lenha – quero queimar!
Até que um vento contrário fez o fogo voltar sobre as suas próprias pegadas. E como nada queima duas vezes fez-se silêncio no cerrado. Um silêncio de luto e cinzas apenas quebrado pelo pompom cor-de-rosa da mimosa flor!

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