sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quase Risonho




A vida tece talagarças de desencanto.
Farsa em inumeráveis atos; em anexo
semeia nas poças o insensato, reflexo
cru, que empoça em alagados cantos.

A realidade nada sabe de acalantos...
Nas ruas, não cabe poesia, complexo
demais para o chão, já tão sem nexo,
que vai rimando fome com quebranto.

E quem liga para verso, consonância?
Imerso, no útero das esquinas, sonho
vai a esmo, ao sabor da circunstância.

Vive das migalhas dos dias tristonhos.
De vez em quando, entre reentrâncias,
seu raio de luz, surge, quase risonho...

Rosemarie Schossig Torres

Nenhum comentário:

Postar um comentário