sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Nada É Prá Já




Chuva cai do céu a cântaros, sem piedade.
Canta, em bis, seu mantra: nada é pra já!

A agenda, infeliz, aquiesce e fecha.
O compromisso obedece e se adia.
As nuvens desabam suas flechas;
gotas d’água continuam a cantoria.

Vento dança minueto com a tempestade.
E em dueto ressoa o bis: Nada é prá já!

Dentro a gris melancolia se derrama.
E até o desejo, esfria e encolhe...
Hiberna, faz de caverna os pijamas.
A cama só prá dormir... Nos acolhe.

O dó re mi, sem sol, entoa sua umidade!
Num eterno si bemol ecoa: Nada é prá já!

Rosemarie Schossig Torres

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