quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Porto De Quimeras


Atracou quase morto o coração,
em porto de quimeras; seu amor,
ave sincera, aterrissou na ilusão;
o que era firme virou fugaz torpor.

Contumaz tentou a última proeza:
Almejou tornar amável o egoísmo.
Como fosse praticável rir a tristeza.
Perdeu o chão; caiu alma no abismo.

Triste, no ostracismo, lançou ao mar,
suas redes de solidão; feito garrafas,
mensagem derradeira; queria amar.
Mas voltaram vazias as suas tarrafas.

Hoje tem a amplidão por companhia
e a canção das ondas, em seu ir e vir.
Olha para o céu; ser gaivota queria...
E impassível, saber chegar e partir.

Rosemarie Schossig Torres

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