terça-feira, 27 de abril de 2010

SURDINA...




À surdina as rosas florescem

sem um jardineiro ao seu lado.
Silenciosamente elas crescem,
vingando-se da falta de cuidado.

Sem ruído brotam seus espinhos.
E sem aviso prévio, num repente,
em trincheiras, intricados ninhos,
o vergel se alarga inesperadamente.

E num roldão, vai comendo o mato,
desgovernado emaranhado de flores,
que despojado de carinho ou trato,
pinta o agreste de imprevistas cores.

Jardim improvisado, ambulante,
que mesmo desprovido de pés,
vai ganhando estrada, a seu talante,
e não poupa nem os igarapés...

Rosemarie Schossig Torres

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