O que faço com esse ossuário?
Amontoado de esqueletos velhos.
Espiam-me de dentro do armário.
Fantasmas do além dos espelhos.
Na poeira que o chão arquivou:
pedaços de delírios esclerosados;
devaneios que a pele aposentou;
simulacro dos prazeres passados.
Acumulação de entulhos, escarcéu.
Lembranças largadas no necrotério.
Revelações do ego repetidas ao léu.
A esmo vagueio por esse cemitério.
Como alivio o peso dos ombros?
Restos de mim, já tão danificados.
Somente uma pilha de escombros.
Vivo algemada a tesouros mofados.
Oxidam as idéias; limiar da sucata.
Ainda há pontos de luz na sombra.
Mas a reciclagem é tarefa inexata.
O desejo de ser fênix me assombra.
Rosemarie Schossig Torres
adoro esse
ResponderExcluirÉ uma honra Mestre quando gostas do que escrevo. Feliz demais com a visita. Venhas quando quiser. Beijo.
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