sábado, 23 de janeiro de 2010

JARDIM SIDERAL





Vejo em um jardim sideral,
a radiação de misterioso astro.
Estrela voraz, luz mortal;
admiro seu eclipse de alabastro.

Quero os chafarizes brilhantes,
gêiseres de ácido, sulfurados,
de alegria fugaz, diamantes,
queimando os olhos, ofuscados.

Navego pela abóbada celeste
de planetas ermos
e visito o deserto agreste,
lar de duendes enfermos.

Neste mar morto,
campo santo de tíbias e caveiras,
ossuário de piratas; último porto,
ancoro meu coração sem fronteiras…

E compartilho taças de peçonha acre
com fantasmas de idéias;
sonhos extintos num massacre,
quimeras feridas, cheias de morféias.

Vagueio por uma galáctica nação.
A multidão me ignora.
Prefiro a companhia da solidão,
amiga, que me adora.

Rosemarie Schossig Torres

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