sábado, 16 de julho de 2016

Amanhecer Sem Noção



Que rara manhã! quero-queros silenciosos
e entre pombos ociosos rondam os carcarás.
O sol mostra no céu o seu alvará de soltura,
depois se esconde atrás de moitas de nuvens.

Nenhum sinal responde aos gritos das araras,
que passam raspando na linha do horizonte...
Aquela avezinha cinzenta até parece colorida
no solo sem aquarela de troncos incendiados.

Amanhecer mais sem noção! Tanta preguiça
em dia pedindo vigor, enguiça as engrenagens,
espalha torpor...talvez seja esse calor de verão
e ainda nem é primavera! Aonde vamos parar!

Rosemarie Schossig Torres

domingo, 10 de julho de 2016

Lampejo de Criação





Em minha reclusa alma invernal
hibernam quietinhas as palavras.
Um silêncio de luto; pouca lavra,
onde se apoucam ideias sem sal.

Feito as loucas ninfeias do olvido
(não sabem a água onde nasceram)
odes abnegam a fonte que beberam;
segam a poesia que poderia ter sido.

Por seca via corre o fio da inspiração.
A poetisa teme se já não morre o rio,
mas ainda sustenta o leme do navio,
que leva lento um lampejo de criação.

Rosemarie Schossig Torres