sábado, 17 de março de 2012

Nem Tudo São Flores





Sucedem-se as estações e me ajeito.
Plantei os sonhos na primavera, enfim.
Campo de probabilidades que espreito.
Verão invade tudo... sol impera em mim.

Algo destempera e nem tudo são flores. 
O outono esbarrou em mim, deu o aviso, 
de que o inverno vinha com seus rigores.
E convinha semear após o frio, o granizo.

Chega o estio conduzindo vacas gordas...
Driblo a ressaca da fartura com sapiência. 
Mas prudência sofre o assédio de vil horda.
É o tédio que leva pela mão a impotência.

Com tanta abundância para que trabalhar?.
Os restos da profícua natureza apodrecem.
Só cigarras, nenhuma formiga para guardar.
Enquanto nós dormimos as urtigas crescem.

Ao fim, antes das folhas secas eu me levanto.
Mãe terra, lavrada perdoa as feridas que faço.
Grávida do meu futuro lhe entôo um acalanto.
Abrindo caminhos, amo esse rumo que traço.

Não sou tola para achar que não há espinhos.
Por onde eu andar acharei pedras e tropeços.
Espero não sucumbir com tantos torvelinhos...
No entanto, depois da queda vem o recomeço. 

Rosemarie Schossig Torres