segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Delírio Enxertado






Os montes alvos em sonho desperto,
flamejam fulgores da Sirius; sideral
frenesi ; em cores de lírio; manancial
de pétalas;os alvores no real enxerto.

E a minha serra, hoje quase deserto,
suja de fumaça da queimada estival,
faço nevada, flora gélida, meio glacial.
O meu cerro fica de edelweiss corberto.

Pudera a visão criada em minha cabeça,
trazer os frescores, copiados da ilusão,
e sem devastação o cerrado reverdeça.

E de novo meu monte azul, abstração,
volte a ser verde, a caliandra refloresça.
Que o devaneio se perca na vegetação...

Rosemarie Schossig Torres

domingo, 24 de outubro de 2010

Quando Eu Semeio Luz



Quando eu semeio luz
no meu chão, dia-a-dia,
um minúsculo facho reluz
e no cotidiano se irradia.

São pequenos atos de amor.
Luminescências aos pedaços,
que distribuo ao meu redor,
em palavras, beijos, abraços.

Brilhos gerando novos faróis,
de outros semeadores,
que juntos, formamos sóis,
iluminando dias melhores.

Rosemarie Schossig Torres

domingo, 10 de outubro de 2010

Quadro Cambiante





Piso os umbrais de mais um dia
que se encerra; missão cumprida.
Ao pôr do sol, o astro na descida
do horizonte, boceja, em letargia.

Cores mudam; quadro cambiante.
E até a alma, no poente, entardece.
Preâmbulo do crepúsculo aparece.
Noite prepara a entrada, triunfante.

Na mente, qual retrovisor, dançam
as veredas que rodei; posso rever
as penas, que resolvi, sem sofrer.
As outras, suspensas, descansam.

Empoleirada nos raios já sem cor,
a paisagem escurece; nova veste
vai trajando, do leste até o oeste.
O toque de recolher soa em langor.

E de repente o céu é o novo campo.
O breu requer toda minha atenção.
Flores somem; seres da escuridão
vêm, com estrelas e os pirilampos.

Madrugada fará sua estréia, eu sei.
E o cenário outra vez se modificará.
Em direção ao amanhecer tudo irá.
Natureza, impassível segue sua lei.


Rosemarie Schossig Torres